Um audio-walk é um passeio sonoro. Um guia áudio que conduz o ouvinte por um determinado percurso.
No caso dos audio-walks do Visões Úteis, o percurso é desenhado pela cidade – o espaço público. (…) Mais do que paradoxo temos ilusão. O público só é protagonista da sua própria fruição, como em qualquer espectáculo. E a ligação profunda à realidade é completamente manipulada. Tudo é finalmente ficção. Ainda que a ficção seja criada em estreita ligação com o local e inspirada pelas inúmeras vozes reais que habitam o percurso. Só assim a ilusão é possível. (..) O espectador desloca-se ao local de levantamento do equipamento (Coma Profundo: guichet do fiscal do Mercado da Foz, Porto; Errare: IAT – Tourist Office, Parma) e em troca de um documento de identificação recebe um Discman e respectivos auscultadores e inicia uma experiência audio-espacial que o leva a percorrer várias ruas seguindo as instruções que ouve. A viagem a que se submete acontece numa dimensão definida pela paisagem real por onde se desloca e pela paisagem sonora em que imergiu. No fim, regressa ao ponto de partida para devolver o equipamento.
29 outubro 2009, 17h no auditório do pavilhão novo da FBAUP.
[sessão aberta organizada no âmbito da “Colaboração científica com o projecto Europeu Transformations/FBAUP”, financiado pela Cultura 2000]